A monga viaja para procurar um namorado em Fortaleza.

Bizarros, Histórias do Valdikim, Humor

A MONGA É SEQUESTRADA EM FORTALEZA

Continuando a história do post anterior. A monga dormiu na casa da amiga Alê, porque as duas combinaram uma viagem relâmpago para Fortaleza. A amiga da monga deixou o filhinho com a sogra e foi para o paraíso tropical conhecer as dunas de Sabiaguaba. Em Fortaleza ficaram na casa de Marilu, uma amiga da monga, que ela já não via há anos luz. Tinham sido colegas de escola no primário e se reencontraram no orkut. Chegando a Fortaleza foram para o ap da Marilu em Messejana. Quando Marilu abre a porta, Monga e Alê se olham e uma vez que estavam lá, por lá ficaram. A casa era uma bagunça e essa amiga da monga não parecia ser uma mulher de muito bom gosto. Coisas que não aparecem no orkut.

Tomaram banho, se enfeitaram, vestiram seus vestidos mais fresquinhos e seguiram para o Centro Cultural Dragão do Mar onde foram ciscar. Ainda sem conseguir nada no Dragão do Mar o telefone toca. Marilu combina de encontrá-las no finzinho da Beira Mar para comer um camarão frito delicioso. As duas então pegam um táxi pra chegar mais rápido.

– Táxi, táxi, por favor, nós estamos indo comer o camarão do finzinho da Beira Mar.

– Sim senhoras, é pra já!

Depois do camarão resolvem seguir para uma danceteria próxima onde Marilu reencontra com amigos da noite cearense. Godô, um gordinho beberrão e China, um cearense de olhos puxadinhos e todo tímido. Ficaram jogando conversa fora e Godô bebia e China ria. Lá pras tantas Marilu resolve dar um zignal e se pica com um marinheiro russo que achou por lá – seguiram para o seu apartamento em Messejana.

Monga e Alê quando deram por falta de Marilu estavam com China e Godô. China, para sorte das baianinhas disse que ia ao sanitário e ficou por lá. Deve ter tido uma dor-de-barriga daquelas, porque nunca mais voltou. A monga então resolve que vai embora, e foi se despedir de Godô. Pra que?

– Olha Godô, estamos indo também, viu?

– É Godô, nós já vamos, tchauzinho, amanhã a gente vai pegar uma praia e estamos com vontade de conhecer as Dunas de Sabiaguaba, disse Alê.

Dunas de Sabiaguaba? É pra já, eu levo vocês lá!

– Que bom Godô, a gente então se encontra amanhã, disse a monga: Já vamos viu?

– Não! Na-na-ni-na-não! De jeito nenhum vou deixar minhas amigas da Bahia pegar um táxi essa hora, eu levo vocês.

Perceba que Godô só bebia e China nem estava mais por lá pra dar risada. E de tanto insistir, Monga e Alê subiram no bugre de Godô pensando que iam pra casa de Marilu. Mas haja estrada, caminhos, curvas, monga apertada pra fazer xixi e nada de chegar, até que Alê lê numa placa:

Dunas de Sabiaguaba.

– Mas Godô? Nós vamos para as dunas amanhã! Essa hora não!

– Não minha querida, nós já chegamos!

E parou o bugre no meio do areal, sacou uma arma calibre 38 debaixo do banco e disse que não ia ficar no zero a zero depois de ter pagado bebida a noite toda para as duas baianinhas. A monga não sabia se ria ou se chorava e começou a gargalhar. Alê era só pranto.

Descabeladas, não sabiam o que fazer. A noite fria cheia de cataventos que haviam ficado para trás assustavam as moçoilas. Alê chorava e dizia:

– Meu filhinho esta em Salvador me esperando, não me mate não Godô, pelo amor de Deus, a gente faz o que você quiser. Buáaaaaaa.

A monga mais descolada só fazia rir. Teve um acesso de riso descontrolado. Na realidade, quando ela viu a arma se mijou toda e não tava acreditando na cilada que a vida lhe pregou em Fortaleza. Nem tinha como chamar o segurança João Perfeito. E agora São Benedito?

De tanto ouvir não, Godô coloca a arma no colo e debruça-se sobre o volante meio grog de tanto uísque que entornou. Monga faz sinal para Alê parar de chorar e no silêncio da noite só se ouvia o barulho do mar. As duas resolvem aproveitar o cochilo de Godô e cair na areia de salto alto, maquiadas e de vestido como haviam saído de casa. Nem dá pra acreditar na cena: duas mulheres enfrentavam as dunas de Sabiaguaba de salto alto, na madrugada fria, numa cidade desconhecida.

Caminharam até o dia clarear e Godô não apareceu mais. Chegaram perto de uma casa onde um senhor de meia idade aguava o seu jardim.

– Bom dia Senhor, onde podemos encontrar um táxi, um ônibus? Somos de Salvador e fomos sequestradas e trazidas para as dunas, mas conseguimos fugir, só precisamos voltar pra casa, pegar um táxi, pra que lado à gente vai?

Pense no que ele viu? Duas mulheres sujas de areia, com sotaque baiano, com maquiagem borrada e sapatos nas mãos.

– Olha senhoras, não passa ônibus por essas bandas daqui com muita frequência não, e tem horário: 12h e 18h, mas deixe minha esposa acordar que eu levo vocês até um local mais movimentado e seguro, onde vocês pegam um táxi.

O senhor entra em casa, deixando-as na varanda, e foi estar com a mulher. Do lado de fora Monga e Alê escutam os gritos da mulher do bom samaritano.

– De jeito nenhum! O senhor esta pensando que vai me deixar aqui e sair com essas duas piranhas? Enlouqueceu? Eu vou botar essas duas vagabundas pra correr e é agora!

– Não querida, não faça isso! Elas disseram que foram sequestradas e que vieram da Bahia!

– Da Bahia? Pois é agora que a coisa vai esquentar como pimenta baiana, perai! Me larga! Me larga!

A monga, ouvindo toda a conversa, olha pra Alê e pega o mundo, “sarta fora”, fecha o portão e segue a pé em busca de uma outra solução. Eu sei é que de tanto caminhar conseguem pegar um táxi e chegar a casa de Marilu por volta das 10h da manhã. Chave na porta e a cena é assustadora. Marilu esta largada, toda arreganhada com o marinheiro russo peladão no sofá da sala.

Pra encurtar a história, as mongas baianinhas correm até o quarto pegam todos os seus pertences e saem, sem dizer uma só palavra para a louca que leva estranho, que conhece na noite, para dentro de casa. Elas se mudam para um hotel na Beira Mar e ficam por lá.

Ainda estão em Fortaleza e tudo isso aconteceu na primeira noite. E que noite! Continua…

Fotos: Google Imagens.

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2 Comments

  1. Sandrinha 2009/05/20 at 19:36

    Hi, this is a comment.
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  2. Elza Resende 2009/05/21 at 20:39

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