No meio da multidão, a macaca perde o sutiã.

Ainda em Fortaleza e muito nervosa com o que aconteceu na primeira noite, a macaca prefere ficar no hotel conversando com a sua amiga Alê sobre como foi a sua viagem para a posse de Obama quando ela perdeu o sutiã no meio da multidão.

– Mas como foi isso macaca? Perguntou sua amiga Alê.

– Amiga, era tanta gente pra ver o “negão“ que nem eu acreditava que estava ali. Mas eu estava lá. Você viu as fotos, eu te mostrei! A agonia começou na hora de embarcar. Sabe aquela mala cor de rosa que eu não me separo nunca? Enchi de calcinhas. Aquela ali (apontando para a mala dentro do quarto), o povo não se deu. Foi um abre mala e fecha mala em todos os aeroportos. E todo mundo parava para ver minhas calcinhas, eu já não suportava mais, identidade de homem e mala de calcinhas. Você sabe não é querida, depois que eu deixei aquela vida de ficar me transformando em macaca toda noite, eu quis fazer logo a cirurgia.

– Mas que cirurgia monga? E que conversa é essa de identidade de homem?
– Ah! Não te conto. Eu não era mulher não querida, agora é que eu sou. Sou uma mona operada que nem a Roberta Close, e foi isso que eu fui fazer nos Estados Unidos: mudar de sexo.
– Menina! Que surpresa, mas eu te vi no banho e nem parece!
– Claro! Preferi matar dois coelhos numa cajadada só. Ver o “negão” mais famoso da América e me transformar nessa bela, gostosa e bonita mulher loira que você conhece. Meu sutiã eu soube que foi deixado no hidrante da Embaixada Brasileira. Mas foi muito divertido. Estava recém operada e mesmo assim fui para a muvuca, você sabe que eu não perco tempo pra procurar um namorado, não é mesmo? E tinha um loiro alto bonito e sensual bem perto de mim. Sei que eu fui me chegando, aproveitando o roça-roça de tanta gente amontoada pra ver o presidente.  Com o frio que estava fazendo os bicos dos meus seios ficaram durinhos-durinhos e começaram a coçar, não sei se foi o silicone, não sei, mas resolvi tirar o sutiã no meio do povo, por dentro do casaco, é claro, mas foi logo na hora que Obama apareceu. Aí foi que o bicho pegou, um empurra-empurra de lascar e acabei perdendo o sutiã. Acho que o loirão pegou de recordação.
– E Obama, como é ele Mona?

– Muito educado, errou lá o juramento na frente da gente, mas fizeram-no repetir mais tarde. Ele é muito fofinho. A família toda é muito simpática Alê. Eu não estive com ele assim frente a frente não, mas o vi passar bem de perto.
– E como foi que esse sutiã foi parar na embaixada?
– Olha Alê, eu estava vestida de verde-amarelo representando o meu país na posse de Obama, e acho que o loirão foi me procurar por la. Vai ver pensou em deixar no “achados e perdidos” da Embaixada Brasileira em Washington. Mas eu comprei muitos sutiãs novos por lá.

– E você ficou aonde mesmo Mona? Tem alguma amiga em Washington, não é menina?
– Claro que sim, fiquei a cinco quadras do Capitólio e fui andando pra posse. Vou lhe mostrar no google maps por onde andei (pegando seu notebook). Aqui, olha Alê, veja esse prédio com essas flores rosas no chão. Ta vendo o gatinho na janela? É Samba, o gatinho do meu amigo.
– Mas me diga monga, mona, você que é uma mulher viajada, por onde mais você andou?

– Na próxima história vou te contar da minha viagem pra França. Fui ver o Sarkozy de perto, lá no alto da Torre Eiffel. Peguei um Air Bus 330-200 e fui pela Air France mesmo, saindo do aeroporto Tom Jobim no Rio, mas fui num dia ensolarado, dava para ver as baleias saltando no Oceano Atlântico.
– É mesmo macaca?
– Claro Alê! Logo depois de Fernando de Noronha, já no meio do Oceano Atlântico, onde tem uma fenda de mais de 4 mil metros, e durante o dia é aquele marzão. Mas essa história eu conto depois.

Fonte: Google Imagens.